Frequentemente marginalizada no campo dos estudos educacionais contemporâneos, a Filosofia da Educação enfrenta o desafio de se reafirmar como conhecimento de relevância fundamental para a formação humana. Um campo de saberes e práticas que envolve dimensões epistêmicas, éticas, estéticas e políticas, e que compreende a educação como um projeto antropológico, fundamentado nos princípios do respeito às identidades e dos propósitos de emancipação humana. No contexto de desvalorização das humanidades nas políticas públicas, a Filosofia da Educação precisa ser entendida como um exercício de atribuição de sentido à prática educativa. Além de promover uma formação que considere a diversidade cultural e as desigualdades sociais, também deve provocar a reflexão crítica sobre as ideologias presentes na educação, enfrentando a necessária desconstrução dos modelos de conhecimento tradicionais. Entre antigos e novos desafios, a ampliação das tecnologias de inteligência artificial coloca uma urgência ainda maior no tratamento dessas questões a fim de garantir e proteger a autonomia dos sujeitos frente aos determinismos sociais.
A Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação (Sofie) busca revitalizar a área, promovendo debates e pesquisas com o objetivo de contribuir para a produção de conhecimento e metodologias de trabalho que auxiliem educadores nas atividades de formação e construção da cidadania. Defende a educação como um espaço de diálogo, sobretudo entre diferentes culturas e saberes, capaz de resistir aos processos desumanizadores de mercantilização da cultura.
Um aspecto que orienta as pesquisas e análises de seus autores é o alinhamento intelectual com o pensamento crítico decolonial: uma busca de superação da dominação epistêmica e de valorização das expressões culturais dos povos indígenas, quilombolas e outros grupos marginalizados pela colonização.
Autores: Antônio Joaquim Severino, Cassiana Lopes Stephan, Christian F. R. G. Vinci, Javier Bassas Vila, Lílian do Valle, Pedro A. Pagni, Thiago Leite Cabrera