A presente publicação é resultante do trabalho generoso e dedicado de pesquisadoras e pesquisadores que vêm pensando infâncias e a cidade como temática de seus estudos e investigações. Em tempos tão sombrios, nos quais a pandemia ocasionada pelo coronavírus Sars-CoV-2, além de já ter ceifado a vida de mais de 460.000 mil brasileiros e brasileiras em todo o país – mortes notificadas –, mobilizou o nosso desejo de estudar de forma dialógica e vigorosa questões e tensões que atravessam a temática da(s) infância(s) e cidade. A pandemia, já em seu segundo ano e com a qual lidamos diferentemente segundo gênero, classe social, raça e etnia, esgarçou a já profunda e imoral desigualdade social brasileira, o que impõe a urgência e o desafio de pensar os territórios de vida de crianças e suas famílias, bem como suas relações com a (s) cidade(s) no período pandêmico. Nessa perspectiva, a presente coletânea é uma singela homenagem a todas as crianças brasileiras, que junto com seus familiares, em destaque as mulheres e mães majoritariamente presentes nos cuidados destinados a tantos entes dentro e fora de casa, em distintos trabalhos, e seus pares infantis reinventam modos de (re)existir nas nossas “cidades da falta”, sejam nas favelas, nos bairros de periferias urbanas, nas ocupações coletivas de movimentos sociais.
Em linhas gerais, para as/os pesquisadoras/es que participaram da presente coletânea, o provérbio africano “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, mais do que uma “ideia-força”, é uma inspiração permanente e um compromisso político-epistêmico que enlaça a todos e todas na defesa de uma sociedade na qual todas as crianças possam ser cuidadas e ter o direito de viver e crescer com alegria as suas infâncias. Acredita-se que isso possa contribuir e muito com a produção de um justo mundo para todas e todos. Assim, a presente coletânea, entre várias motivações, intencionou colocar em diálogo pesquisadoras e pesquisadores que atuam, tanto na educação de crianças pequenas, no trabalho cotidiano com a(s) infância(s), como professoras e professores que atuam em diferentes universidades, na formação inicial e continuada de professor@s de Educação Infantil, bem como na realização de pesquisas com temas e problemas que afetam diretamente a vida e a educação de crianças pequenas em diferentes cidades brasileiras.