Este livro reúne parte da produção das pesquisadoras do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Feminismos, também conhecido pelo seu nome antissocial: Flores Raras. Dessa maneira, expressa parte do que costumamos chamar de Edifício de Pesquisa do Flores, como se os saberes que produzimos juntas coabitassem e resultassem nessa Ocupação Acadêmica. Nesse sentido, a exemplo das ocupações habitacionais do Movimento das/os/es Trabalhadoras/es Sem Teto, colocamo-nos nas universidades, nas escolas e nos variados espaços que acolhem nossas pesquisas portadoras da busca por direitos que situa os movimentos sociais e suas integrantes tanto como fonte de fortalecimento e produção de conhecimento individual e em grupos quanto como foco de questionamento das hierarquias das instituições e organizações, avançando para a conquista de ideais de justiça social que passam por ações de visibilidade mas que vão além desta, de modo a nos colocar, em um só tempo, como demandantes de justiça acadêmica, justiça epistêmica e justiça científica, e ainda como promotoras de tais concepções de justiça.
Nesse contexto, escrevemos considerando o que denominamos de as topografias feministas, nas quais se conformam (e transformam) o que nomeamos anatomias docentes. As categorias gênero, raça, orientação sexual, geração são marcadores que permitem vislumbrar tais dimensões. Nessas topografias, em nossos mapas, estamos diante de variados lócus de fricções entre Academia e Movimentos Sociais, e tendo como objetivo ir além das dicotomias entre ação e reflexão ou teoria e prática.
Assim, o presente livro traz um conjunto de textos elaborados a partir do desejo de reafirmar pesquisas realizadas na perspectiva dos Estudos Lésbicos Feministas e dos Feminismos Negro e Decolonial, nos quais nos consideramos ainda e por muito tempo aprendizes. Pretende-se, assim, com essa escrita, propor leituras que ressaltem a amplitude e a excelência desses estudos, com os objetivos de potencializar pesquisas, docências, militâncias, ativismos e variadas ações, disposições e propósitos, no encontro dos campos da Educação, da Comunicação e dos Movimentos Sociais.
Daniela Auad, Cláudia Lahni e Camila Roseno (Trecho extraído da Introdução: “Topografias Feministas e Anatomias Docentes”)