Artes Visuais e Artes Cênicas: Interseções.

29/03/2023

Até meados do século XX, no Ocidente, a produção do que se chamava de Belas Artes era estruturada por categorias e disciplinas bem definidas: Pintura, escultura e gravura eram campos delimitados em si mesmos, e seus praticantes, focados em habilidades específicas relevantes para cada suporte. O artista contemporâneo, em contrapartida é, frequentemente, um agente de interdisciplinaridade, transitando entre diferentes linguagens e suportes.

Seguindo práticas e ideias que se estabeleceram ao longo do século XX, a atividade artística contemporânea tende a quebrar barreiras e expandir limites para além de categorizações rígidas. Com essa flexibilização de pensamento, surgem possibilidades de interação e criação entre “tipos diferentes” de arte. Inúmeras formas de interação entre artes visuais e artes cênicas decorreram das experimentações realizadas pelas(os) artistas nas últimas décadas.

 

Arte visual e cênica: Origens

A história das artes visuais e das artes cênicas comumente se encontram no palco. A confecção de adereços, figurinos e principalmente o cenário são fonte de trabalho para artistas visuais no campo das artes cênicas. Essa interação conta com exemplos de muitos artistas conhecidos, como os trabalhos de cenografia de Pablo Picasso e Salvador Dali. Com a criação de uma imagem estática, o trabalho do artista visual contribui para o surgimento de um espaço de cena.

 

Performance

Embora se diferencie das artes cênicas na sua linguagem, o campo da performance nas artes visuais (body art, happening, intervenções) conta com vários elementos em comum. O suporte da obra passa de um objeto para o corpo do artista ou performer, que análogo a um ator preenche o espaço da “cena” compartilhado com o público. O elemento do tempo, uma ação que tem um ponto inicial e final é outra dimensão importante desse desdobramento artístico. Suas origens no cânone da história da arte ocidental remontam a ações dadaístas no Cabaret Voltaire, e passam por expoentes como Joseph Beuys e Marina Abramovic. No Brasil trabalhos como o do pioneiro Flávio de Carvalho e as ações de Celeida Tostes são exemplos do apelo global desse tipo de manifestação artística.

 

 

Exposição

Nessa mesma lógica de expansão e de pensamento, podemos considerar a exposição de artes visuais em si como uma ação poética. Se o curador é creditado com o trabalho de composição do espaço e seleção de obras, não seria esse ato em si carregado de uma poética permeada também de temporalidade, plateia e presença?

No livro “Da Visualidade à cena – Dimensões Expositivas” lançado pela NAU Editora, Sônia Salcedo, organizadora do projeto, reúne artigos que discutem questões sobre questões dessa ordem. No dia 29 de março de 2023, o Parque Lage será palco de conversa entre Sônia e a artista, professora e co-autora Zalinda Cartaxo.

 

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