Infância Crônica: livro editado pela NAU tem duas resenhas publicadas

15/12/2020

O mês de novembro foi muito importante para nós, da NAU. Um dos motivos são as resenhas que foram publicadas sobre os nossos livros. O livro Iconografia da Paisagem teve uma resenha publicada pelo arquiteto José Tabacow no Portal Vitruvius. Agora, é a vez do livro Infância Crônica ter duas resenhas liberadas ao público.

infancia-cronica

Infância Crônica – Resenha por Sônia Maria Travassos

A primeira resenha é de Sônia Maria Milone de Freitas Travassos, Doutora em Educação e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Infância, linguagem e escola: a literatura infantil em questão.

Confira um trecho da resenha abaixo.

“São 35 histórias em torno da infância. 35 flashes de crianças contemporâneas na cidade do Rio de Janeiro, que vivem nas ruas ou que não encontram condições razoáveis de existência, em sua maioria. Os cronistas de Infância Crônica1, em suas vivências pela cidade, apuraram seus olhares para, como “caçadores de achadouros de infância” (Barros, 2010), trazerem à luz, sem medo, diferentes crianças em suas relações com a cultura, com o tempo e espaço que habitam.

Nesse movimento, os pesquisadores, acostumados à escrita acadêmica, para dar visibilidade ao que seus olhares e sentidos fotografaram, escolheram outro gênero de escrita, a crônica, que, como comenta Girardello (2019, p. s.p.), na apresentação do livro, é um “gênero que recorta o tempo vivido, compondo um a um, pedacinhos de mosaico”. A imagem é precisa, pois o livro se faz mesmo de pedacinhos, instantes de vida, que revelam aos leitores um retrato amargo do cotidiano de muitas crianças de hoje, com as quais esbarramos nas esquinas, nos trens, nos shoppings, em museus, no samba, nos ônibus, nas ruas, vivendo “do jeito que tá, do jeito que dá”, como escreve uma das cronistas (Venas, 2019, p. 71).

A escolha dos autores de voltar o olhar para o miúdo de todo dia, e nele encontrar o diálogo entre o microcosmo da criança e o macrocosmo do qual ela faz parte, tem inspiração em Walter Benjamin. O filósofo, ao escrever seus fragmentos, em Rua de Mão Única (Benjamin, 1995), ao mesmo tempo em que traz o olhar do menino Walter sobre seu cotidiano de coisas pequenas, revela aos leitores, do ponto de vista do menino, um olhar sobre a sociedade em que ele está inserido. Assim como tais fragmentos, as crônicas deste livro sensibilizam o leitor que, afetado pelas cenas narradas, entra em contato com outras vidas, dialoga com a própria experiência de infância e acaba por se deslocar e ampliar sua visão de mundo. E esta parece mesmo ser a proposta dos autores: a de provocar, no contato com o texto literário, mais polifônico e polissêmico que os de outras naturezas, reflexões e deslocamentos no leitor e, por meio das evidências observadas na pesquisa, convocá-lo a se posicionar diante da infância.”

Para fazer o download ler a resenha de Sônia na íntegra, clique aqui.

Infância Crônica – Resenha por Maria Cristina Soares

A segunda resenha de Infância Crônica foi escrita por Maria Cristina Soares de Gouvea e publicada na Revista DESidades da UFRJ. Maria Cristina é Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Infância e Educação Infantil (Nepei/UFMG).

Confira parte de sua resenha abaixo.

“O livro Infância crônica nos provoca e indaga já no seu título. De que crônica está se falando? Do gênero literário, ou de “problemas crônicos” da infância? De que infância falam os autores? Provocada, recorro ao dicionário, que me revela o deslocamento dos significados, de acordo com o campo discursivo. Assim é que, numa perspectiva médica, crônica é: “[…] Que dura muito, que permanece por um longo período na vida do paciente: doença crônica”. Já a partir da estatística: “Conjunto de valores que uma variável toma em diferentes épocas sucessivas”. Para a literatura, a crônica constitui um “texto literário breve, frequentemente narrativo, de trama quase sempre pouco definida e motivos gerados, extraídos do cotidiano imediato”. Para o jornalismo: “Coluna de periódicos, assinada, dedicada a um assunto (atividades culturais, política, ciências, economia, desportos etc.) ou à vida cotidiana, contendo notícias, comentários, opiniões, às vezes críticas ou polêmicas”. Já para a história: “Compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo”. 

É interessante perceber que, para os campos da história, jornalismo e literatura, a crônica constitui um substantivo. Já para a medicina e estatística, um adjetivo, a definir um estado ou condição. Retomo à obra que busca explorar tal polissemia. O livro tanto constitui um texto literário que se debruça sobre as muitas infâncias presentes na cidade, quanto destaca as crianças que circulam pelas ruas, presença ainda percebida por muitos como problema crônico, uma doença social de difícil extinção. Ou quem sabe, o título evoca também a crônica dificuldade do adulto em compreender e retratar a criança?”

Para ler a resenha completa, clique aqui.

Infância Crônica: Organizado por Raiza Venas, Rita Ribes.

As 35 crônicas reunidas no livro procuram falar da infância de perto, íntima e despretensiosamente, num gênero discursivo cuja substância é a simplicidade. No entanto, pretensiosamente, entendemos que é também na simplicidade da vida cotidiana que se funda a dimensão política da infância.

Mais que ter as crianças como objeto das crônicas aqui apresentadas, nosso intuito é fomentar a construção de uma história que se saiba incompleta se não incluir sua voz e suas perspectivas de olhar.

Saiba mais sobre o livro e adquira seu exemplar clicando aqui.