Pensar a psicologia, sua teoria e prática, usando como referencial teórico e metodológico a Teoria Ator-Rede, desenvolvida por Bruno Latour, francês, pensador original e iconoclasta, que define a si mesmo como um antropólogo das ciências. Latour vem sendo cada vez mais respeitado por suas ideias. O campo de estudos em “Ciência, Tecnologia e Sociedade” (CTS) surge em meados dos anos 1980, em resposta a uma tradicional separação entre a epistemologia (devotada a abordagens internalistas das ciências) e as ciências sociais (com abordagens muito tímidas e restritas em relação às ciências).
A Teoria Ator-Rede (TAR) é uma das abordagens mais presentes no campo, buscando abordar os eventos científicos como compostos em rede, através de um princípio de simetria amplo, considerando de forma distribuída vencedores e vencidos, modernos e pré-modernos, atores humanos e não-humanos. O livro é resultado do encontro de duas redes, o Grupo de Trabalho “Cotidiano e Práticas Sociais”, da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia) e o grupo de estudo e pesquisa “Psicologia e Construtivismo”, esta coletânea traz textos em que os mais diversos assuntos são expostos à luz da TAR. A violência, o corpo, a música, brinquedos como a pipa, e o programa favela-bairro, no Rio de Janeiro, são tomados como pontos em uma rede vasta de conexões, sofrendo e causando transformações, são pontos recalcitrantes. Neste ponto, os encontros aqui propostos ultrapassam a TAR e alçam autores como Bateson, Jung, Foucault são, entre outros. A proposta deste livro é ser, ele também, um ator, tecendo uma rede de conexões, questões e pesquisas, que ultrapasse e redefina as fronteiras da psicologia.