De que modo o processo de construção das identidades femininas — na cultura ocidental moderna e contemporânea — se entrecruza com a própria história da psicologia? Essa e outras questões são abordadas neste instigante livro. Através de coletânea de artigos de pesquisadores nacionais e internacionais, o livro tematiza as relações entre tópicos tão recorrentes no pensamento contemporâneo quanto problemáticos na vida social.
Por um lado, debate-se muito a questão do gênero e parece já se ter superado a discriminação entre gêneros – feminino, masculino e homossexual, têm hoje plenos e iguais direitos. Por outro, assiste-se paradoxalmente a episódios de negação do humano e de sua diversidade, perpetrados de formas sistemáticas e perversas, diariamente, no nível da cultura de massa (no qual os papéis são coisificados, a corporeidade, em todas as suas nuanças e formas, exposta como objeto de consumo, de maneira cada vez mais sofisticada); como também na vida social (vide a exploração do trabalho, a impossibilidade da mulher e do homem vivenciarem a feminilidade e a masculinidade em todas as suas dimensões, a violência sistemática de que são feitos objeto as mulheres e os homossexuais nas diversas culturas do mundo). Sinais, na verdade, da redução do humano em todas as suas formas.
O livro Clio-Psyché – Gênero, Psicologia, História apresenta um rico e instigante conjunto de estudos em que corpo, sexo, afeto, trabalho e loucura confrontam-se e evidenciam seus potenciais críticos da ordem social, enquanto se constituem os campos dos saberes institucionais e das políticas que se investem em nossas ações e experiências cotidianas.