Cada texto desta coletânea é uma espécie de desafio. Diferente do pesquisador-observador, que olha de longe seu objeto e busca para ele um melhor enquadramento; tomado pelo feminino, não há outra possibilidade para o escritor senão a escrita de si. De modo geral, ao circunscrever um conceito, forjamos nele um tempo estático e morto, e assim perdemos aquilo que só se observa no que vive e se movimenta. O feminino e a fugacidade do repertório teórico que o acompanha (diferente das certezas fixas do masculino/patriarcal/universal) propõe uma outra ética com o saber, com o mundo e com o outro. A perspectiva do feminino é a própria experiência de deixar ser visto pela alteridade e continuar vivendo com a impossibilidade de saber tudo sobre ela.
Esta publicação nasceu dos movimentos político-feministas que mobilizam nosso país nos anos recentes. Aqui pensamos a respeito do feminino, para além do conceito de gênero, como forma de lidar com a incompletude, uma maneira específica de se relacionar com o desejo presente em todo e qualquer sujeito – como uma alternativa ao poder do patriarcado, ou do masculino-universal.
Autores colaboradores: Bernardo Oliveira, Bianca Coutinho Dias, Carla Rodrigues, Dinah Cesare, Fátima Pinheiro, Gabriela Carneiro da Cunha, Ilana Feldman, Lívia Ferreira, Lívia Magalhães, Mariana Baltar, Mariana Patrício Fernandes, Maricia Ciscato, Natália Neris, Roberta Barros.
Apoio: RELACIONARTE – gestão de projetos culturais